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"Quando as crianças estão aprendendo a se comunicar, os sons,
gestos e expressões faciais se transformam aos poucos em linguagem, à medida
que seus esforços em copiar palavras são reforçados e modelados. O mesmo
acontece com o desenho e a escrita. Ao tentar copiar o que é dito importante,
as crianças aprendem, e a reação dos adultos às suas tentativas os ensina sobre
sua qualidade de aprendizes.
Nossa cultura costuma valorizar a linguagem verbal em
detrimento da visual. Dizemos que desenhar é “coisa de criança” e, ao
crescermos, descartamos essa atividade em favor de outras coisas mais sérias,
adultas e importantes. E ainda condenamos o desenho por meio da “cópia”, que é
o método-chave pelo qual aprendemos qualquer outra coisa. Presumimos erroneamente que as
crianças devem ficar livres para descobrir as técnicas por si, e que o
ensino estruturado pode interferir no processo criativo.
Você consegue imaginar uma mãe dizer ao seu bebê: “Quero que
você fale ‘mamãe’, mas não me copie... invente sua própria linguagem”, ou um
professor dizer a uma criança que está sendo alfabetizada: “Invente suas
próprias letras”?
Sem a instrução adequada, a maioria de nós não desenvolve o
desenho além das simples experimentações do desenho infantil e deixa de lado essa
capacidade inata do ser humano, perdendo uma forma de comunicação potencialmente
rica. Com a voz do julgamento em nossos corações, comparamos nossa habilidade esquecida
na infância com as habilidades daqueles que passaram toda a vida praticando e
dizemos com infantil inocência, como se isso quase não importasse: “Desenhar,
eu? Não consigo desenhar nem uma linha reta”.
E ainda há um agravante: a mente humana trabalha generalizando
aspectos específicos. Se uma criança for convencida de que é incompetente para
o desenho, a capacidade de generalizar pode fazê-la ver-se incompetente em
outros campos da sua vida. Não existe barreira maior do que a ansiedade de
desempenho: o medo de parecer ridículo e de falhar reduz nossa vontade de tentar
coisas novas e nos sujeita a uma patologia de limitações, na qual damos mais
ênfase ao que não somos capazes de fazer do que àquilo que podemos tentar e
desenvolver.
Mona Brookes, arte-educadora, ajuda os estudantes a construírem suas competências
em um ambiente seguro, valorizando a diversidade de estilo e enxergando valor e
beleza em diferentes resultados. Através do desenho, ela proporciona a seus
alunos o prazer da realização, o que conduz à elevação da auto-estima. Generalizada
para o desempenho em geral, a auto-estima ajuda a crescer com confiança e
vontade de explorar.
Em pleno século XXI, nosso mundo está cheio de diferenças,
diversidade e complexidade. Não sabemos ao certo o que os estudantes de hoje
precisarão saber para serem bem sucedidos no futuro. Mais do que nunca, as
únicas qualidades de valor real e duradouro são as capacidades de aprender
criativamente, de se comunicar de forma rica e de trabalhar competências com
confiança.
Antigamente, eu me perguntava se seria possível cultivar a
habilidade de desenhar nas crianças. Hoje, eu digo com convicção que
ela deve ser cultivada em todos: crianças, adolescentes e adultos."
- Geraldine Schwartz (prefácio de Drawing with Older Childreen and Teens, por Mona Brookes). Tradução: Liandro Roger.
- Geraldine Schwartz (prefácio de Drawing with Older Childreen and Teens, por Mona Brookes). Tradução: Liandro Roger.
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